Só para firmar bem, segue a frase novamente:
Ela bebe igual homem.
Muitos vão dizer que é frescura. Que é só uma frase "engraçada" que todo mundo usa. Que reclamar disso é falta do que fazer (falta de louça na pia! diriam alguns). Mas não, não é. Não é porque a frase não pode estar tão impregnada na sociedade e ser tão errada.
"Bebe igual homem." Logo, pelas vias lógicas - e o machismo me diz que homem que é bom de lógica, então me acompanhem - todo homem bebe. E bebe muito, pela conotação da frase. Entende de bebida, bebe muito e gosta de beber. E mulher, ah, mulher não bebe. Mulher não sabe beber. Mulher que bebe muito possui uma característica primária do homem, e se faz tal ação direito, é porque a faz tal qual o homem faz.
Só que não.
Nem todo homem - pasmem! - bebe. Tem homem que não gosta, tem homem que não vê graça, e tem homem que acha muito melhor beber água. "Beber igual homem" é algo tão relativo quanto dizer que um objeto é azul como aquilo. Aquilo o quê? Aquilo sequer é azul?
O que as pessoas não percebem é que por trás de frases "inocentes" como esta é que ficam as ideologias machistas - e por vezes racistas, homofóbicas, etc - da sociedade. É no pensamento já enraizado na mente das pessoas que fica o julgamento de que uma mulher é vadia se bebe muito - se bebe como homem -, de que não é uma mulher de respeito se bebe muito - como homem -, de que ela tem filhos e deveria pensar mais neles, que absurdo, se bebe muito - como homem.
Porque o homem pode beber. Ele não é "cachorro" se bebe muito. Se não "se dá ao respeito". Ele não deixa de ser bom pai se ele sabe beber. Porque homem sabe beber. Porque homem pode. Porque homem é homem.
Um dia mulher vai poder beber o quanto ela quiser porque ela pode porque ela é uma pessoa.
Até lá, eu fico aqui escrevendo textos sem sentido sobre os absurdos que eu escuto.
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