sexta-feira, 18 de julho de 2014

Sobre A Thor, mudanças em personagens clássicos e representatividade

Texto por Raquel Couto Mota: https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=819923868032401&id=100000443872049




Sobre A Thor, mudanças em personagens clássicos e representatividade. Primeiro quero começar dizendo que não conheço tudo de HQ e sei que nunca, nunca conseguiria atingir esse nível, mas leio o que posso (e o que eu quero) e tudo que eu cito vem das poucas coisas que conheço. Ninguém pediu a minha opinião, mas aqui está ela (com um merchan bônus de young avengers)
Sei que é difícil aceitar mudanças ainda mais quando elas acontecem com personagens que amamos, admiramos, com quem crescemos e em quem nos espelhamos. Mas o personagem, por mais antigo e consagrado que seja, não é só nosso, ele não pertence só aos fãs antigos das hqs, aos de raiz, mas ele é também das crianças que não conhecem nada do universo dos quadrinhos, que viram apenas os filmes, que compraram bonecos e fantasias deles. Pensem no que significará para uma menina, que era sempre excluída das brincadeiras de super-heróis porque “é coisa de garoto”, poder se ver na deusa do trovão, poder tomar força dela e seguir esse exemplo? Olha que maravilha!
Claro que criar personagens novos é outra estratégia muito válida e que merece todos os incentivos do mundo, mas, infelizmente, não é algo que atinja a maior parte da população. Já existe uma diversidade grande no mundo da Marvel, temos heróis negros, asiáticos, latinos, mulheres, queers, mas o problema é que quase ninguém os conhece, ou conhece bem pouco. Temos o Luke Cage e a Jessica Drew, que são novos vingadores, temos a Miss Marvel, o Solaris, o Miles Moraes, o Eli, o Billy e Teddy, a Kate e a America Chavez de Young Avengers (que são personagens A+, aliás), temos o Victor, a Nico Minoru, a Karolina Dean e a Xavin de Runaways arrasando na representatividade também, mas eles não são muito conhecidos. Até porque tem fãs das antigas que se recusam a ler novidades e as desmerecem porque não são “clássicos”. Então como agir sem mexer nos clássicos?
Existiram outros capitães américa sem ser o Steve Rogers, mas quem se lembra deles? (exemplo: eu mesma, que li soldado invernal e sei que existiram outros, não lembro seus nomes) Existiram capitães américa NEGROS nos quadrinhos, homens que serviram de cobaias antes de darem o soro para o Steve e o avô do Eli é um deles, mas eu nunca tinha ouvido falar disso antes de ler Young avengers. (alias, quem puder ler “young avenger presents: patriot,” pfvr leia. Tem uma conversa entre o Bucky Barnes e o Eli sobre como é difícil ser um negro vestindo a bandeira dos EUA E É A MELHOR COISA DO MUNDO, mas, de novo, é algo pouco conhecido.) Seis meses atrás, eu nem poderia citar esses personagens porque eu mesma não os conhecia ou conhecia pouquíssimos e só pelo nome, vocês entendem? Representatividade é importante e, para que ela cumpra o seu papel, ela deve atingir o público. Não vejo como “cota”, nem forçação de barra, vejo uma oportunidade de fazer a diferença que está finalmente sendo utilizada e eu fico super feliz com isso.
Além disso, houve a mudança do Nick Fury de branco para negro nas hqs dos supremos, no universo ultimate. Nesse quadrinho tem até uma piada como sobre quem o interpretaria nos cinemas seria o Samuel L Jackson (e essa é basicamente a única coisa que eu gosto de supremos 1, mas deixa pra lá). Foi assim nas telonas e o personagem foi super bem aceito. O novo Nick Fury, do Mark Millar, é mais calmo e não explode tanto quanto o antigo, mas essa mudança não tem nada a ver com o físico alterado do personagem. E mesmo assim, o novo não deixa nada a desejar quando comparado ao antigo; ambos os Nick Fury são badasses, sagazes e super inteligentes com planos dentro de planos porque assim é o Nick Fury e ele continuará sendo Nick Fury mesmo se amanhã decidirem fazê-lo asiático, por exemplo.
Agora, finalmente, sobre o/a thor, só para esclarecer: O Thor é um deus que foi jogado no corpo de um mortal, Donald Blake, para aprender sobre humildade. E ele vive como mortal até ser merecedor de levantar o Mjolnir e aí recuperar seus poderes/forma divina. Sendo assim, o martelo dá a força de Thor a quem for merecedor, a quem conseguir levantá-lo. Uma mulher vai conseguir e vira Thor por isso. É uma mulher, mas poderia ter sido qualquer um. (Vocês se lembram do Bill Raio Beta? Além disso, a Natasha Romanoff vira Thor em um universo what if). Citando a imagem que está rodando o facebook, o Thor já foi até sapo, (tanto em hqs quanto em animações,) galera. Qual o problema então? Mesmo se rolasse um genderbent do Thor, qual seria a preocupação? Não é como se isso nunca tivesse acontecido, não é como se existissem Loki e a Lady!Loki nas hqs e na mitologia nórdica, né? O universo dos quadrinhos é vasto e fantástico e tudo pode acontecer. Por que não pegar essas infinitas possibilidades para fazer algo bom, algo importante, algo que fará a diferença? Talvez não faça diferença pra mim ou pra você, mas sim para milhões de outras pessoas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário