Texto por Raquel Couto Mota: https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=819923868032401&id=100000443872049
Sobre A Thor, mudanças em personagens clássicos e representatividade.
Primeiro quero começar dizendo que não conheço tudo de HQ e sei que
nunca, nunca conseguiria atingir esse nível, mas leio o que posso (e o
que eu quero) e tudo que eu cito vem das poucas coisas que conheço.
Ninguém pediu a minha opinião, mas aqui está ela (com um merchan bônus
de young avengers)
Sei que é difícil aceitar mudanças ainda mais
quando elas acontecem com personagens que amamos, admiramos, com quem
crescemos e em quem nos espelhamos. Mas o personagem, por mais antigo e
consagrado que seja, não é só nosso, ele não pertence só aos fãs antigos
das hqs, aos de raiz, mas ele é também das crianças que não conhecem
nada do universo dos quadrinhos, que viram apenas os filmes, que
compraram bonecos e fantasias deles. Pensem no que significará para uma
menina, que era sempre excluída das brincadeiras de super-heróis porque
“é coisa de garoto”, poder se ver na deusa do trovão, poder tomar força
dela e seguir esse exemplo? Olha que maravilha!
Claro que criar
personagens novos é outra estratégia muito válida e que merece todos os
incentivos do mundo, mas, infelizmente, não é algo que atinja a maior
parte da população. Já existe uma diversidade grande no mundo da Marvel,
temos heróis negros, asiáticos, latinos, mulheres, queers, mas o
problema é que quase ninguém os conhece, ou conhece bem pouco. Temos o
Luke Cage e a Jessica Drew, que são novos vingadores, temos a Miss
Marvel, o Solaris, o Miles Moraes, o Eli, o Billy e Teddy, a Kate e a
America Chavez de Young Avengers (que são personagens A+, aliás), temos o
Victor, a Nico Minoru, a Karolina Dean e a Xavin de Runaways arrasando
na representatividade também, mas eles não são muito conhecidos. Até
porque tem fãs das antigas que se recusam a ler novidades e as
desmerecem porque não são “clássicos”. Então como agir sem mexer nos
clássicos?
Existiram outros capitães américa sem ser o Steve
Rogers, mas quem se lembra deles? (exemplo: eu mesma, que li soldado
invernal e sei que existiram outros, não lembro seus nomes) Existiram
capitães américa NEGROS nos quadrinhos, homens que serviram de cobaias
antes de darem o soro para o Steve e o avô do Eli é um deles, mas eu
nunca tinha ouvido falar disso antes de ler Young avengers. (alias, quem
puder ler “young avenger presents: patriot,” pfvr leia. Tem uma
conversa entre o Bucky Barnes e o Eli sobre como é difícil ser um negro
vestindo a bandeira dos EUA E É A MELHOR COISA DO MUNDO, mas, de novo, é
algo pouco conhecido.) Seis meses atrás, eu nem poderia citar esses
personagens porque eu mesma não os conhecia ou conhecia pouquíssimos e
só pelo nome, vocês entendem? Representatividade é importante e, para
que ela cumpra o seu papel, ela deve atingir o público. Não vejo como
“cota”, nem forçação de barra, vejo uma oportunidade de fazer a
diferença que está finalmente sendo utilizada e eu fico super feliz com
isso.
Além disso, houve a mudança do Nick Fury de branco para
negro nas hqs dos supremos, no universo ultimate. Nesse quadrinho tem
até uma piada como sobre quem o interpretaria nos cinemas seria o Samuel
L Jackson (e essa é basicamente a única coisa que eu gosto de supremos
1, mas deixa pra lá). Foi assim nas telonas e o personagem foi super bem
aceito. O novo Nick Fury, do Mark Millar, é mais calmo e não explode
tanto quanto o antigo, mas essa mudança não tem nada a ver com o físico
alterado do personagem. E mesmo assim, o novo não deixa nada a desejar
quando comparado ao antigo; ambos os Nick Fury são badasses, sagazes e
super inteligentes com planos dentro de planos porque assim é o Nick
Fury e ele continuará sendo Nick Fury mesmo se amanhã decidirem fazê-lo
asiático, por exemplo.
Agora, finalmente, sobre o/a thor, só
para esclarecer: O Thor é um deus que foi jogado no corpo de um mortal,
Donald Blake, para aprender sobre humildade. E ele vive como mortal até
ser merecedor de levantar o Mjolnir e aí recuperar seus poderes/forma
divina. Sendo assim, o martelo dá a força de Thor a quem for merecedor, a
quem conseguir levantá-lo. Uma mulher vai conseguir e vira Thor por
isso. É uma mulher, mas poderia ter sido qualquer um. (Vocês se lembram
do Bill Raio Beta? Além disso, a Natasha Romanoff vira Thor em um
universo what if). Citando a imagem que está rodando o facebook, o Thor
já foi até sapo, (tanto em hqs quanto em animações,) galera. Qual o
problema então? Mesmo se rolasse um genderbent do Thor, qual seria a
preocupação? Não é como se isso nunca tivesse acontecido, não é como se
existissem Loki e a Lady!Loki nas hqs e na mitologia nórdica, né? O
universo dos quadrinhos é vasto e fantástico e tudo pode acontecer. Por
que não pegar essas infinitas possibilidades para fazer algo bom, algo
importante, algo que fará a diferença? Talvez não faça diferença pra mim
ou pra você, mas sim para milhões de outras pessoas.
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