Feminismo é um tema cada vez mais em pauta. Do ano
passado até o momento cada vez mais a palavra está perdendo aquela conotação
obscura e sendo dita em mais e mais programas por mais e mais celebridades. Muitos
famosos erguem a bandeira de que o feminismo é necessário, muitos dizem não se
considerarem feministas pelos motivos x, y e z. O ponto é: o tema está em alta
e eu vou aproveitar a onda.
O argumento mais comum das mulheres que dizem não ser
feministas – das que sabem o que
feminismo significa (igualdade entre homens e mulheres) quero dizer – é o de
que elas não precisam dele. De que não se sentem oprimidas.
A resposta mais comum a isso é aquela já conhecida
frase “Uma mulher dizer que não precisa do feminismo porque não se sente
oprimida, é o mesmo que alguém dizer que não precisa de bombeiros, afinal minha
casa não está pegando fogo agora”. A frase é válida e eu a uso diversas vezes,
mas hoje eu queria levantar um novo ponto nessa discussão.
Eu também não preciso
do feminismo. Não totalmente, talvez. Porque apesar de ser mulher, em vários
outros quesitos eu me encontro na classe privilegiada. E é ridículo acreditar
que uma mulher cis, branca, hétero de classe média é oprimida da mesma maneira
que uma mulher negra, ou que uma mulher trans, ou uma mulher de classe baixa,
ou todos esses e mais outros.
Mas o fato de eu não precisar do feminismo não quer
dizer que não existam mulheres que precisam. Muitas mulheres que precisam muito.
O movimento não é pra mim, não luto só pela minha segurança e igualdade. Luto
por todas as mulheres. Luto pelas mulheres que são estupradas. Pelas que estão
presas em um relacionamento abusivo. Pelas que ganham menos do que homens no
mesmo cargo. Pelas que ouvem que provavelmente dormiram com o chefe para ganhar
aquela promoção. Pelas mulheres que estão “mostrando muito” ou que estão “escondendo
demais”.
Luto pelas mulheres negras que sofrem uma mistura de
machismo e racismo que mulheres brancas e homens negros não sofrem. Luto pelas
mulheres trans que sofrem um machismo e transfobia e mulheres cis e homens
trans não sofrem. Luto pelas mulheres que sofrem em qualquer escala pelo
simples fato de serem mulheres.
Luto pelas mulheres que não querem ter filhos. Luto
também pelas que querem ser donas de casa.
Luto pelas mulheres que não gostam de rosa e de
vestido. Luto também pelas que gostam.
O feminismo não luta pra mim. O feminismo luta pra você, você achando que precisa ou não.
Porque, ok, eu menti lá em cima quando disse que não
preciso. Porque eu preciso sim. Preciso pelas irmãs e preciso por mim. Preciso
porque por menor que seja a opressão, por menos que ela me machuque – física ou
emocionalmente – ela está lá.
Você pode não achar que o feminismo é necessário ou
importante pra você. Talvez realmente não seja.
Mas você não pode ignorar as mulheres que precisam
dele. Não pode ignorar os gritos de socorro.
Já disse mais de uma vez e torno a repetir: quando se
fala em opressão, só existem dois lados. Ou você luta com o oprimido ou você
está fortalecendo o opressor.
Qual é o seu lado?
Nenhum comentário:
Postar um comentário