segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Minha Vida em Montreal - Diário de Bordo

Olá, galerinha! :)

Sei que to deixando o blog acumular poeira... pra impedir que isso aconteça e pra fazer algo que eu realmente quero muito, resolvi começar um novo projetinho que estou chamando de "Minha Vida em Montreal". Ali em cima no índice de páginas vocês conseguem ler um pouquinho mais do porque eu resolvi fazer esse projeto - não tem nada de interessante lá, mas se você estiver curioso(a)... - e também um link pro marcador, além de um índice (que juro que vou tentar manter) de todos os posts que eu fizer.

Este aqui é o primeiro post do projeto, então ele está meio extenso porque explica algumas coisinhas mais gerais sobre esse meu mestrado em outro país. Se você se interessa pelo assunto e quer acompanhar a experiência de outra pessoa, não deixe de conferir meus textos! ;)


Bom, primeiramente, muitos me perguntaram o que me fez escolher Montreal. A escolha nunca foi pela cidade/país. Não foi nem pela Universidade. Foi o Curso. Quando comecei a procurar sobre locais pra estudar fora, eu olhei diversos países e peguei várias listas de universidades de todos eles e fiz uma planilha enorme com quais universidades tinham cursos que me interessavam. Depois que terminei isso eu determinei meus favoritos e em quais eu iria me inscrever.

O curso daqui sempre esteve no top 3 e quando fui aceita não houve dúvidas. Meu mestrado é em Quality Systems Engineering - Engenharia de Sistemas de Qualidade, em tradução livre - na Universidade de Concordia (Concordia University - Université Concordia). A Concordia é conhecida pela sua excelência nas áreas de Engenharia e Negócios, então acho que fiz uma boa escolha.


Vim pra cá semana passada, dia 28 de Agosto. Peguei o avião em Guarulhos dia 27 as 21:30 e fiz uma conexão em Nova Iorque. No total, considerando os dois vôos mais o tempo de espera entre um e outro, foram aproximadamente quinze horas de viagem.


Antecipei muito essa viagem. A oportunidade toda de um mestrado aos vinte e dois anos em outro país é algo sem comparação. Não via a hora de conhecer o lugar e começar as aulas e dar essa nova direção na minha vida.


No primeiro dia aqui eu quis desistir.


A gente nunca antecipa o quanto é difícil deixar tudo pra trás. Entrei na sala de embarque deixando meus amigos, minha tia, meus avós, meus pai e meu irmão chorando. Chorei enquanto esperava o embarque, chorei enquanto esperava o avião sair, e chorei por um bom tempo depois que o voo começou. Só conseguia pensar que eu não tinha tido o tempo o bastante pra me preparar e que dois anos iriam - vão - demorar muito e que eu não estava pronta.


Chegando aqui a imigração foi bem tranquila. Olharam meus papéis, imprimiram minha permissão de estudos e apesar de bem demorado não enfrentei nenhum problema. Todo mundo foi extremamente simpático. Na vinda pra casa onde eu ia alugar o quarto dei o danado azar de pegar o provavelmente único taxista que só fala francês da cidade inteira. Tivemos uns probleminhas na comunicação, mas cheguei. Conversei um tempo com o dono da casa, conheci tudo e fui pro meu quarto.


Desabei. Aquele sentimento horrível de que tudo que eu mais queria era voltar pra minha casa e abraçar a minha mãe e dormir no colchão no chão com meu irmão a semana inteira não me deixava. Não consegui me concentrar em nada por muito tempo pensando em como dois anos era - é - muita coisa e eu nunca, jamais iria conseguir.


Resolvi ligar o computador e tentar me distrair. Instalei novamente o Skype que havia perdido na última formatação e por sorte minha tia, que também mora no Canadá, mas em Vancouver, estava online.


Falar, ver, uma pessoa conhecida assim foi um alívio sem comparação. Conversamos por quase duas horas, então meu notebook desligou e lá vai eu correr pra comprar um adaptador porque eu não trouxe nenhum e esse padrão de tomada brasileiro só serve lá né. Voltei, tornei a falar com ela, e logo meus pais ficaram online.


Alívio não descreve. Ver meu irmão - que minha me disse que tinha chorado diversas vezes até conseguir dormir e estava totalmente cabisbaixo pela manhã - pulando e sorrindo e conversando comigo foi um calmante mais forte do que qualquer coisa. Conversamos por horas e no final eles comentaram "você está com uma cara melhor, acho que já estava com saudade". Eles não tem ideia.


Desligamos já tarde da noite e eu fui jantar. Richard, o dono da casa onde alugo o quarto, havia assado uma pizza pra gente. Conversamos por um tempo, partilhamos muitas opiniões sociais, e quando eu finalmente fui dormir depois de um banho quente, consegui desabafar um pouco por áudio no WhatsApp com a minha melhor amiga. E esse desabafo retirou a última camada de pressão que eu estava sentindo sobre a mudança. Dormir depois disso foi a coisa mais fácil do mundo, bastou encostar no travesseiro que meus olhos já fecharam.


Fiz esse relato enorme porque depois eu conversei com uma amiga minha que mora longe da família e saiu de casa ainda mais cedo pra estudar fora e ela me disse que essa sensação é normal, que iria passar. E se você vai fazer uma viagem desse tipo ou se está passando por algo desse tipo, saiba: vai passar mesmo. Tente falar com todo mundo que você puder, com quem você sentir que precisa. Sempre achei chamadas de vídeo meio bestas, mas conversar com a minha mãe por WhatsApp durante o dia - mesmo que por áudio - não chegou aos pés de vê-los no Skype, bem, em casa, conversando comigo como se eu estivesse no mesmo sofá.


É difícil. Deixar todo mundo, tudo que você conhece pra trás, é difícil. Mas essa dor aguda de saudade e esse medo de falha vão passar. Estou aqui há apenas uma semana e garanto: fica mais fácil.


Então não desista dos seus sonhos e planos. Tempo passa rápido e distância não é motivo pra separação. Nossas conquistas prevalecem e o próximo abraço está, a cada dia que passa, um dia mais perto.


Eu prometo que o próximo post da viagem vai ser mais curto. Por agora desejo uma boa sorte na sua jornada se você estiver planejando estudar fora - ou mesmo se mudar de vez - e saiba que tudo vai dar certo, de um jeito ou de outro.


Até a próxima!

4 comentários:

  1. Aaaaaaah, que bom ler essa postagem sabendo que vc está bem firme agora. Passou esse primeiro momento, esse primeiro sufoco, mas agora vc está segura no seu objetivo. I'm proud of you. E tem todo o meu apoio sempre <3

    E fico feliz de ter sido parte desse primeiro instante em que vc precisou de firmeza e apoio. Te amo <3

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  2. Mesmo sabendo tudo isso chorei de novo....lendo o relato.
    Até agora, desde o seu aniversário ainda não consigo ecrever nada, pois começo a chorar, como agora, mas vocé sabe o quanto me orgulho de você.

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  3. Nome errado, mas você sabe que sou eu, né?

    Mamy

    Saudade de ouvir me chamarem assim, sò você.

    PS. Que português é esse ( prevalessem)

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  4. AWN *-*
    Quero muito ler teus relatos ai em Montreal
    E força molher, sou "expert" em relacionamentos (amizade huahua) a distancia. 80% dozamigo moram longe, tu vai se acostumar com a comunicação haha.
    E passa rapidinho tmb, tu vai ter muita experiência nova (e ctz a maioria boa) pra contar aqui yay.
    love u

    PS: kede foto dos boy magia dai, miga. Kede.

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